Que tal não ignorar a xepa?

A gente falou sobre gerar menos lixo. E esse foi um negócio que só piorou na pandemia.

Em primeiro lugar, segundos dados divulgados pela Agência Brasil, o brasileiro gera 379,1 quilos de resíduos sólidos por ano. Quase 10% a mais do que há 10 anos (que já era bastante).

Do mesmo modo, os dados mostram que a quantidade de materiais recicláveis coletada cresceu 25%. Mas não porque as pessoas estão mais conscientes e reciclando mais… é porque elas estão comprando mais coisas pela internet e precisando de mais embalagens.

Juntamente (e para piorar), como muitos centros de reciclagem fecharam na pandemia, isso tudo foi para aterros e lixões.

Para resolver isso, não tem outro jeito: consumir de forma consciente, gerar resíduos em menor quantidade — e, quando gerar, reutilizar e reciclar. 

A tal “revolução verde” mudou a forma como os alimentos são feitos entre os anos 1950 e 1960.

Com mais tecnologia, a produção aumentou exponencialmente e há mais comida no mundo. É claro que muita gente melhorou de vida com isso, mas também há consequências bem negativas.

Para começar, essa história privilegiou os grandes latifúndios, o uso de agrotóxicos e de espécies modificadas — o que gera um montão de problemas sobre os quais você pode se informar no livro que a gente indica logo a seguir.

Para piorar, mesmo com tanta comida sendo produzida, ainda tem gente passando fome, já que existe muito desperdício. Um relatório do UNEP (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), inclusive, estima que entre 8% e 10% das emissões de CO2 estejam ligadas a alimentos que não são consumidos.

Então, Nuder, a próxima vez que você for a feira ou visitar o fundo da sua geladeira, que tal não ignorar a xepa?

Muitas receitas deliciosas podem ser feitas com os “restos” de comida que desperdiçamos. E como somos melhores que muito político por aí, aqui não ficamos só no discurso: toma esse link com receitas para reaproveitar os alimentos.

Sabemos que os principais desperdícios vêm da indústria, agronegócio e estabelecimentos comerciais, mas isso não podemos mudar de bate pronto, então que tal começar dentro de casa mesmo?

Dica de leitura

Em Pandemia e Agronegócio, o biólogo Rob Wallace mostra que o modo como criamos animais nas últimas décadas pode ter bastante a ver com o surgimento de novos vírus e doenças infecciosas. Afinal, é tanto bicho criado em escala industrial e confinado que os vírus podem fazer a festa! Na obra, Wallace explica tudo sobre sua teoria fundamentada na ciência.

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